domingo, 7 de outubro de 2007

O fim da monogamia?

Imposta ao longo de séculos por culturas e sociedades, ela agora é questionada por cientistas, que levantam a hipótese de sermos naturalmente propensos a amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

Pode até parecer ironia, mas escrevo a pergunta do título à esquerda a menos de dois meses de jurar fidelidade eterna a uma pessoa. Não se trata de desabafo de noiva em crise, arrependimento ou desespero. Mas não dá para ignorar os quatro livros recém-lançados sobre os temas monogamia e fidelidade (para ser mais exata, a incompatibilidade de ambos) que, em menos de dois meses, vieram parar sobre a minha mesa. Por que zoólogos, antropólogos, psiquiatras e psicólogos resolveram se debruçar sobre o assunto ao mesmo tempo? Será que estou na contramão da história?

Se a psicanalista e sexóloga Regina Navarro estiver certa em suas idéias sobre a tendência dos modelos de relacionamentos amorosos do futuro - as quais aplica no seu casamento de sete anos -, então acho que estou.

No novo capítulo que adicionou à reedição de seu livro "A Cama na Varanda", intitulado "O Futuro que se Anuncia", ela defende que o individualismo típico do século 21 irá levar ao fim o amor romântico, que é aquele que carrega a idéia de exclusividade, de fusão do casal, de alma gêmea e de que um só deve ter olhos para o outro. Será? E o que virá no lugar dele?

O poliamor já é fato. Um casal de São Paulo, por exemplo, realizou-se ao agregar dois novos parceiros à sua união

Entre os exemplos de relacionamentos que poderão "vingar" no futuro, segundo a especialista, está o poliamor. O termo é uma tradução livre para a língua portuguesa do neologismo inglês "polyamory", que significa "muitos amores" e descreve relações amorosas que recusam a monogamia como princípio ou necessidade.

O poliamor defende a possibilidade prática e sustentável de se envolver em relações íntimas, profundas e eventualmente duradouras com vários parceiros simultaneamente.

O movimento existe de modo organizado nos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido há cerca de 20 anos, mas começou a conquistar mais visibilidade e adeptos - inclusive no Brasil, onde ganhou uma comunidade no Orkut com mais de 600 participantes - mais recentemente.
Em 2005 realizou-se a primeira Conferência Internacional sobre Poliamor em Hamburgo, na Alemanha. O termo ganhou um verbete na Wikipédia e tem mais de 700 citações no Google em português e mais de 800 mil em diversos idiomas.

Sites como o www.polyamory.com e www.polyamory.org oferecem desde dicas para a relação entre poliamantes até músicas, ensaios, artigos, filmes e literatura de ficção sobre o assunto. Existe até uma organização sem fins lucrativos que promove e apóia os interesses de indivíduos com relacionamentos ou famílias múltiplas, a Polyamory Society.

Fonte: Revista Galileu

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