terça-feira, 27 de novembro de 2007

Sete entre dez notas falsas são de R$ 50

Só este ano, mais de R$ 17,6 milhões falsos já foram recolhidos pelo Banco Central.

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Uma quadrilha falsificava dinheiro havia dois anos quando, em março deste ano, uma operação da Polícia Federal (PF) prendeu o chefe do grupo e um comparsa em Ponta Porã (MS), com R$ 592 mil em notas falsas de R$ 20.

As cédulas eram produzidas na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero e seu principal destino era Brasília, onde distribuidores locais compravam três notas falsas com uma verdadeira.

O caso é uma exceção pelo porte da apreensão, mas, em menores quantidades, a circulação de dinheiro falso é bastante comum no país. Em 2007, até o final de outubro, a PF abriu mais de 5 mil inquéritos para crimes de produção e distribuição de moeda falsificada – em 2006, foram 6.809. O Banco Central (BC), por sua vez, recolheu R$ 17,6 milhões em dinheiro falso entre 1º de janeiro e 5 de novembro deste ano.

Ressarcimento

Qualquer agência bancária está habilitada a recolher dinheiro suspeito e enviá-lo para o BC para investigação, mas, caso seja confirmada a fraude, não há ressarcimento. Assim, a única solução para não ser vítima dos falsificadores é ficar atento. “Falsificação de dinheiro ocorre no mundo todo, e as pessoas têm de deixar de ficar constrangidas e verificar as cédulas no momento em que as recebem”, comenta o chefe do Departamento de Meio Circulante do BC, João Figueiredo. “Em 2005, fizemos uma pesquisa e descobrimos que 60% dos brasileiros não conferem as notas”. Figueiredo recomenda reservar algum tempo para observar com atenção as cédulas, familiarizando-se com suas características Do começo do ano até 5 de novembro, o BC havia recebido 458 mil cédulas falsas, das quais cerca de 70% eram de R$ 50. Portanto, ao receber uma cédula desse valor, a atenção deve ser redobrada. Mas, como explica Figueiredo, o único dinheiro que pode ser recebido sem maiores preocupações são as moedas, cujo valor de face é muito baixo para tornar a falsificação rentável. “Se chegaram mil moedas falsas ao BC neste ano, é muito. Não vale a pena, pois a produção é muito cara”, comenta.

Bancos

Segundo o BC, 80% do total do dinheiro falso recolhido no país é enviado ao órgão pelos bancos. Os funcionários das instituições bancárias são treinados para reconhecer cédulas suspeitas e tirá-las de circulação.

O superintendente de Comunicação Social da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), William Salazar, assegura ser pouco provável que uma nota falsa, na eventualidade de não ser notada pelo caixa da agência, passe despercebida pela tesouraria das instituições financeiras, na contagem feita no fim do expediente.

A possibilidade de se sacar uma nota falsa num caixa eletrônico, portanto, também seria reduzida. “Só se ela for trocada no momento em que o caixa é alimentado”, aponta Salazar. “Mas, em cinco anos na Febraban, só ouvi falar de dois casos como esse”. Se, contudo, uma cédula suspeita for sacada de uma máquina dentro de uma agência bancária, durante o expediente, o procedimento recomendado pelo BC é imprimir um extrato que comprove o saque, de preferência no mesmo terminal, e pedir providências ao gerente da agência.

Se ele não resolver o problema, o cliente deve procurar uma delegacia policial para registrar ocorrência. Se o saque for feito fora da agência ou do horário de expediente, o cliente deve procurar a polícia diretamente, munido de extrato. Boatos de que os bancos não tirariam dinheiro falso de circulação para evitar perdas são rejeitados pela Febraban e pelo BC. “Isso é uma calúnia”, responde Salazar. “É ridículo dizer isso, pois seria uma atividade criminosa que não interessa aos bancos”, corrobora Figueiredo, do BC.

Equipamento antifraude

Embora, segundo o chefe do Departamento de Meio Circulante do BC, uma análise a olho nu permita identificar notas falsificadas com grande precisão, existem no mercado equipamentos para fazê-lo com maior acuidade, com preços que variam de R$ 6,50 a R$ 1490.

A empresa Money Test, de Carapicuíba (SP), fabrica esse tipo de produto há sete anos. O modelo mais barato é a caneta com reagente que identifica o papel de segurança usado pela Casa da Moeda. Esse reagente, no entanto, não acusa notas falsificadas por meio da técnica de lavagem, em que cédulas verdadeiras de valor baixo são branqueadas quimicamente para reimpressão com valor maior.

Por outro lado, segundo o BC, essa prática está se tornando rara porque, apesar de se manter a marca d'água, que, de outra forma, é impossível de se reproduzir com equipamento comum, o resultado da impressão geralmente deixa a desejar. O modelo mais caro da empresa (R$ 1.490) é uma câmera com lente de aumento, que permite observar os detalhes de cédulas, cheques e documentos numa tela de cristal líquido. Segundo o fabricante, o grau de confiabilidade é de 100%.

Fonte: G1

domingo, 25 de novembro de 2007

Indústria ainda testa equipamentos e venderá aparelhos sem interatividade

Os conversores e televisores digitais encontrados nas lojas a partir da semana que vem virão sem interatividade plena -possibilidade de o espectador enviar informações às emissoras em testes ou escolhas do final de programas, por exemplo.

O coordenador do desenvolvimento do Ginga, software que permite a interatividade, Guido Lemos, da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), diz que as indústrias estão em fase de finalização e testes do software nos receptores, por isso não deve haver equipamentos completos no dia 2.

Segundo Lemos, o software está pronto, ao contrário do que dizem alguns fabricantes, mas é preciso fazer adaptações para produzir em escala industrial. "No momento, há pelo menos cinco empresas tentando desenvolver o Ginga no menor período possível."

Mesmo assim, ele acredita que vale a pena comprar o conversor incompleto -sem permitir o envio de informações entre telespectador e emissora. "Se eu morasse em São Paulo e tivesse condições financeiras, iria comprar o conversor."

A interatividade remota, que permite o acesso a informações enviadas pelas emissoras, como a escalação de um time que está jogando, estará disponível nesses primeiros aparelhos.

Mas para não ficar com um equipamento defasado, o coordenador de TV Digital da Universidade Mackenzie, Gunnar Bendicks, orienta o consumidor a se certificar de que há possibilidade de atualização do equipamento com o Ginga. No entanto, nenhum dos fabricantes consultados e que vai comercializar receptores ou TVs tem essa opção.

O vice-presidente de novos mercados da Samsung, Benjamin Sicsú, concorda que a falta de interatividade deve ficar clara para o consumidor. "Vem outro modelo com interatividade e o consumidor tem de saber disso."

Segundo Roberto Barbieri, diretor da Semp Toshiba, "até agora não está claro o hardware que será usado" para a interatividade plena, por isso os conversores da empresa não poderão ser atualizados.

Essa interação total também depende de um canal de comunicação com o telespectador, como internet ou telefone. Esse é outro dos entraves apontados pelos fabricantes para viabilizar a interatividade plena.

Lemos acredita que o uso dessa comunicação pelas emissoras vai impulsionar as vendas dos equipamentos: o consumidor verá mais diferenças entre as duas TVs e terá mais vontade de comprar a digital.

Para ele, o principal motivo de o preço dos conversores ficar tão acima da expectativa do governo, de R$ 200, é o pouco tempo para desenvolver tecnologia e testar os equipamentos. "Tem fabricante que não está lançando modelos porque não tem segurança na máquina."

Sicsú afirma que a indústria ainda está fazendo ajustes nos equipamentos. "Está todo mundo apanhando ainda."

Essa incerteza também teria levado a um conservadorismo da indústria no volume de equipamentos produzidos. "Alguns fabricantes finalizaram as caixas [conversores] e nem houve testes. Depois que isso ocorrer é que vão aumentar a produção", diz Lemos.

Segundo ele, "a previsão do ministro Hélio Costa [Comunicações] não é maluca: há possibilidade de o preço do conversor chegar a US$ 50 [R$ 90]", mas em quatro anos.

Sicsú aponta o pequeno número de fornecedores dos componentes dos conversores para o encarecimento do produto. "À medida que a produção aumentar, o custo será reduzido".

Fonte: Folha de S.Paulo

Conversor digital chega ao varejo na 2ª

Três fabricantes vão oferecer também a TV com o aparelho já embutido; especialistas indicam melhor opção para cada caso

Sinal digital começa a ser transmitido oficialmente no próximo dia 2, apenas na Grande SP, mas o analógico ainda permanece até 2016

Os primeiros aparelhos de TV já prontos para receber o sinal digital começam a chegar às lojas na próxima semana, às vésperas do lançamento da TV digital no Brasil, em 2 de dezembro, considerado o terceiro marco após o início das transmissões, em 1950, e da TV em cores, em 1972.

Só três fabricantes, entre as empresas consultadas pela Folha, confirmam a produção de aparelhos com os conversores digitais já embutidos. Também chegam ao varejo os conversores para permitir que as TVs já disponíveis no mercado recebam o sinal digital dentro do padrão japonês, o escolhido pelo governo federal após uma disputa com os padrões europeu e americano.

As transmissões digitais começarão pela Grande São Paulo. A previsão é que, até 2013, chegue a todos os municípios. Porém, o sinal analógico continuará a ser transmitido até 2016, por isso não há pressa para a troca ou adaptação dos aparelhos.

No entanto, quem optar pela migração terá imagem com qualidade de DVD, dizem especialistas, mesmo se não tiver uma TV de alta definição (com 1.080 linhas). "O limite de qualidade da imagem será as linhas da TV, mas a imagem será melhorada porque não haverá fantasmas", diz o coordenador do Laboratório de Vídeo Digital da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), Guido Lemos.

É preciso lembrar que, para captar o sinal digital, será preciso ter uma antena UHF interna ou externa.

A Philips é o único fabricante, até agora, que vai oferecer TVs e conversores. Walter Duran, diretor de tecnologia da empresa para a América Latina, admite que os equipamentos estão caros, mas ressalta que "tem que iniciar a venda, gerar demanda, para baratear".

A Samsung optou por fabricar apenas as TVs. A diferença de preço entre um modelo semelhante da empresa e aquele com conversor embutido, de acordo com Benjamin Sicsú, vice-presidente da Samsung para Novos Negócios da América Latina, fica em torno de 15%. O diretor da Philips preferiu dizer apenas que a diferença seria "mais ou menos" o valor do conversor. A LG também terá TVs com conversores embutidos, mas não divulgou o preço.

Público-alvo

Esse custo alto de lançamento dos conversores vai determinar o público-alvo. "Quem comprará nesse primeiro momento serão os consumidores de tecnologia, que querem as novidades primeiro, e as pessoas que têm mais de uma TV em casa", diz Lemos.

A escolha do conversor com melhor custo/benefício para cada caso vai depender do tipo da televisão. A qualidade da imagem é definida pelo número de linhas, quanto mais linhas, maior a definição. Um conversor para TVs de 1.080 linhas, por exemplo, vai oferecer uma boa imagem se acoplado a um aparelho de 480 linhas, mas essa ligação não vai ser satisfatória na situação inversa.

Para Sicsú, quem tem TV de tubo "deve comprar um conversor exatamente no limite da TV que tem". Como a resolução desse aparelho é de 480 linhas, os conversores mais baratos alcançarão a qualidade de imagem máxima. "O que tiver a mais [de resolução] a TV não vai utilizar", ressaltou.

Já quem tem TV de LCD ou plasma deve "obrigatoriamente" comprar o conversor de 1.080 linhas, diz o coordenador de TV Digital da Universidade Mackenzie, Gunnar Bendicks. Esses aparelhos têm pelo menos 720 linhas de resolução, por isso precisam de conversores melhores para alcançar maior qualidade de imagem.

"O problema é saber se o consumidor vai querer pagar essa melhoria", questiona Sicsú. Para ele, "o preço do conversor vai cair", e o próximo passo das indústrias é lançar TVs menores, voltadas para a classe média.

Um dos representantes dos fabricantes consultados, que não quis se identificar, chegou a afirmar que não via vantagens em comprar logo uma TV com o conversor embutido porque quando a interatividade plena for possível, provavelmente no final do próximo ano, o televisor terá que ser novamente trocado para usufruir dessa interação.

Assim como os da Philips e da Positivo, os conversores da CCE (disponíveis só em 2008), da Gradiente e da Semp Toshiba serão compatíveis com televisores de todos os fabricantes, enquanto a Sony optou por produzir um aparelho que só pode ser conectado às TVs de uma de suas linhas (Bravia).

Na próxima semana, os fabricantes devem se reunir com o governo federal para discutir formas de baratear os conversores, o que deve acontecer com incentivos fiscais e o aumento da demanda.

A ameaça do presidente Lula de estimular a importação dos conversores, para forçar a redução, é considerada inócua pela indústria porque o Brasil escolheu um sistema tecnológico com especificidades que não existem em outros países.

O ministro Hélio Costa (Comunicações) já afirmou várias vezes que seria possível vender o aparelho por R$ 200.

Fonte: Folha de S.Paulo