domingo, 25 de novembro de 2007

Conversor digital chega ao varejo na 2ª

Três fabricantes vão oferecer também a TV com o aparelho já embutido; especialistas indicam melhor opção para cada caso

Sinal digital começa a ser transmitido oficialmente no próximo dia 2, apenas na Grande SP, mas o analógico ainda permanece até 2016

Os primeiros aparelhos de TV já prontos para receber o sinal digital começam a chegar às lojas na próxima semana, às vésperas do lançamento da TV digital no Brasil, em 2 de dezembro, considerado o terceiro marco após o início das transmissões, em 1950, e da TV em cores, em 1972.

Só três fabricantes, entre as empresas consultadas pela Folha, confirmam a produção de aparelhos com os conversores digitais já embutidos. Também chegam ao varejo os conversores para permitir que as TVs já disponíveis no mercado recebam o sinal digital dentro do padrão japonês, o escolhido pelo governo federal após uma disputa com os padrões europeu e americano.

As transmissões digitais começarão pela Grande São Paulo. A previsão é que, até 2013, chegue a todos os municípios. Porém, o sinal analógico continuará a ser transmitido até 2016, por isso não há pressa para a troca ou adaptação dos aparelhos.

No entanto, quem optar pela migração terá imagem com qualidade de DVD, dizem especialistas, mesmo se não tiver uma TV de alta definição (com 1.080 linhas). "O limite de qualidade da imagem será as linhas da TV, mas a imagem será melhorada porque não haverá fantasmas", diz o coordenador do Laboratório de Vídeo Digital da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), Guido Lemos.

É preciso lembrar que, para captar o sinal digital, será preciso ter uma antena UHF interna ou externa.

A Philips é o único fabricante, até agora, que vai oferecer TVs e conversores. Walter Duran, diretor de tecnologia da empresa para a América Latina, admite que os equipamentos estão caros, mas ressalta que "tem que iniciar a venda, gerar demanda, para baratear".

A Samsung optou por fabricar apenas as TVs. A diferença de preço entre um modelo semelhante da empresa e aquele com conversor embutido, de acordo com Benjamin Sicsú, vice-presidente da Samsung para Novos Negócios da América Latina, fica em torno de 15%. O diretor da Philips preferiu dizer apenas que a diferença seria "mais ou menos" o valor do conversor. A LG também terá TVs com conversores embutidos, mas não divulgou o preço.

Público-alvo

Esse custo alto de lançamento dos conversores vai determinar o público-alvo. "Quem comprará nesse primeiro momento serão os consumidores de tecnologia, que querem as novidades primeiro, e as pessoas que têm mais de uma TV em casa", diz Lemos.

A escolha do conversor com melhor custo/benefício para cada caso vai depender do tipo da televisão. A qualidade da imagem é definida pelo número de linhas, quanto mais linhas, maior a definição. Um conversor para TVs de 1.080 linhas, por exemplo, vai oferecer uma boa imagem se acoplado a um aparelho de 480 linhas, mas essa ligação não vai ser satisfatória na situação inversa.

Para Sicsú, quem tem TV de tubo "deve comprar um conversor exatamente no limite da TV que tem". Como a resolução desse aparelho é de 480 linhas, os conversores mais baratos alcançarão a qualidade de imagem máxima. "O que tiver a mais [de resolução] a TV não vai utilizar", ressaltou.

Já quem tem TV de LCD ou plasma deve "obrigatoriamente" comprar o conversor de 1.080 linhas, diz o coordenador de TV Digital da Universidade Mackenzie, Gunnar Bendicks. Esses aparelhos têm pelo menos 720 linhas de resolução, por isso precisam de conversores melhores para alcançar maior qualidade de imagem.

"O problema é saber se o consumidor vai querer pagar essa melhoria", questiona Sicsú. Para ele, "o preço do conversor vai cair", e o próximo passo das indústrias é lançar TVs menores, voltadas para a classe média.

Um dos representantes dos fabricantes consultados, que não quis se identificar, chegou a afirmar que não via vantagens em comprar logo uma TV com o conversor embutido porque quando a interatividade plena for possível, provavelmente no final do próximo ano, o televisor terá que ser novamente trocado para usufruir dessa interação.

Assim como os da Philips e da Positivo, os conversores da CCE (disponíveis só em 2008), da Gradiente e da Semp Toshiba serão compatíveis com televisores de todos os fabricantes, enquanto a Sony optou por produzir um aparelho que só pode ser conectado às TVs de uma de suas linhas (Bravia).

Na próxima semana, os fabricantes devem se reunir com o governo federal para discutir formas de baratear os conversores, o que deve acontecer com incentivos fiscais e o aumento da demanda.

A ameaça do presidente Lula de estimular a importação dos conversores, para forçar a redução, é considerada inócua pela indústria porque o Brasil escolheu um sistema tecnológico com especificidades que não existem em outros países.

O ministro Hélio Costa (Comunicações) já afirmou várias vezes que seria possível vender o aparelho por R$ 200.

Fonte: Folha de S.Paulo

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