domingo, 25 de novembro de 2007

Indústria ainda testa equipamentos e venderá aparelhos sem interatividade

Os conversores e televisores digitais encontrados nas lojas a partir da semana que vem virão sem interatividade plena -possibilidade de o espectador enviar informações às emissoras em testes ou escolhas do final de programas, por exemplo.

O coordenador do desenvolvimento do Ginga, software que permite a interatividade, Guido Lemos, da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), diz que as indústrias estão em fase de finalização e testes do software nos receptores, por isso não deve haver equipamentos completos no dia 2.

Segundo Lemos, o software está pronto, ao contrário do que dizem alguns fabricantes, mas é preciso fazer adaptações para produzir em escala industrial. "No momento, há pelo menos cinco empresas tentando desenvolver o Ginga no menor período possível."

Mesmo assim, ele acredita que vale a pena comprar o conversor incompleto -sem permitir o envio de informações entre telespectador e emissora. "Se eu morasse em São Paulo e tivesse condições financeiras, iria comprar o conversor."

A interatividade remota, que permite o acesso a informações enviadas pelas emissoras, como a escalação de um time que está jogando, estará disponível nesses primeiros aparelhos.

Mas para não ficar com um equipamento defasado, o coordenador de TV Digital da Universidade Mackenzie, Gunnar Bendicks, orienta o consumidor a se certificar de que há possibilidade de atualização do equipamento com o Ginga. No entanto, nenhum dos fabricantes consultados e que vai comercializar receptores ou TVs tem essa opção.

O vice-presidente de novos mercados da Samsung, Benjamin Sicsú, concorda que a falta de interatividade deve ficar clara para o consumidor. "Vem outro modelo com interatividade e o consumidor tem de saber disso."

Segundo Roberto Barbieri, diretor da Semp Toshiba, "até agora não está claro o hardware que será usado" para a interatividade plena, por isso os conversores da empresa não poderão ser atualizados.

Essa interação total também depende de um canal de comunicação com o telespectador, como internet ou telefone. Esse é outro dos entraves apontados pelos fabricantes para viabilizar a interatividade plena.

Lemos acredita que o uso dessa comunicação pelas emissoras vai impulsionar as vendas dos equipamentos: o consumidor verá mais diferenças entre as duas TVs e terá mais vontade de comprar a digital.

Para ele, o principal motivo de o preço dos conversores ficar tão acima da expectativa do governo, de R$ 200, é o pouco tempo para desenvolver tecnologia e testar os equipamentos. "Tem fabricante que não está lançando modelos porque não tem segurança na máquina."

Sicsú afirma que a indústria ainda está fazendo ajustes nos equipamentos. "Está todo mundo apanhando ainda."

Essa incerteza também teria levado a um conservadorismo da indústria no volume de equipamentos produzidos. "Alguns fabricantes finalizaram as caixas [conversores] e nem houve testes. Depois que isso ocorrer é que vão aumentar a produção", diz Lemos.

Segundo ele, "a previsão do ministro Hélio Costa [Comunicações] não é maluca: há possibilidade de o preço do conversor chegar a US$ 50 [R$ 90]", mas em quatro anos.

Sicsú aponta o pequeno número de fornecedores dos componentes dos conversores para o encarecimento do produto. "À medida que a produção aumentar, o custo será reduzido".

Fonte: Folha de S.Paulo

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