segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

A São Paulo que a São Silvestre não vê

Percurso da corrida cruza locais que reúnem contrastes e peculiaridades da metrópole.
Mas na segunda-feira (31), atletas se concentrarão apenas na busca do menor tempo.

No caminho dos atletas, pontos tradicionais como o Theatro Municipal. Mas trajeto de 15 km também inclui pontos que costumam passar despercebidos até mesmo pelos paulistanos. (Foto: Patrícia Araújo/G1)

Veja mais imagens

Nesta segunda-feira (31), 20 mil atletas de vários lugares do mundo correrão 15 km no centro da maior e mais miscigenada cidade brasileira. Percorrendo o trecho com uma velocidade média de 2,86 m/s (ou até 5,7 m/s, caso alguém consiga atingir a marca do recordista da prova, o queniano Paul Tergat, feita em 1995), é difícil que algum deles perceba os contrastes e as peculiaridades que o percurso da Corrida de São Silvestre reserva para os que fogem tanto à correria dos esportistas, como a do dia-a-dia de São Paulo.

Infográfico mostra detalhes técnicos do percurso

Da largada da 83ª edição da competição, no Museu de Arte de São Paulo (Masp), até a chegada no prédio da Fundação Cásper Líbero, ambos na Avenida Paulista, a cidade se mostra em vários ângulos: em prédios históricos, centros de cultura e lazer, praças arborizadas, padarias, lanchonetes, bares, na correria do comércio formal e informal, na prostituição e na miséria dos moradores de rua.

Dois dias antes da prova, o G1 percorreu cada quilômetro que compõe a mais tradicional corrida do país:

0 km (largada) – Centro de polêmicas nas últimas semanas por causa do roubo de um quadro de Pablo Picasso e outro de Cândido Portinari, avaliados em R$ 100 milhões, o Masp abriga algumas das principais obras de arte em posse do Brasil. No sábado, passar pela frente do museu era ver a mistura de grades, placas de patrocinadores e caminhões de transporte em meio ao público que rotineiramente circula pela região.

1 km – No cruzamento das avenidas Paulista e Consolação, desde novembro de 2005 a passagem subterrânea virou a sede da associação de livreiros “Via Libris”. Depois de uma confusão com a Prefeitura, em que alguns livreiros que trabalhavam na região da Augusta e Paulista chegaram a ser presos, esses profissionais decidiram se reunir e, após muita negociação, conseguiram autorização para revitalizar a área da passagem e criar um enorme sebo. Além da venda que os sustenta, os livreiros do lugar ainda participam do Projeto Equilíbrio, em parceria com o HC, em que procuram recuperar jovens ex-usuários de drogas, por meio do contato com livros.

2 km – Tombado em 2005, o Cemitério da Consolação abriga cerca de 8.500 túmulos. Desse total, pelo menos 200 são considerados de grande valor histórico e artístico. Alguns túmulos possuem obras de Breccheret, Nicolina Vaz Muniz e Francisco Leopoldo e Silva. Várias personalidades como Monteiro Lobato, Marquesa de Santos, Tarsila do Amaral, Mário e Oswald de Andrade, Ramos de Azevedo, Bruno Giorgi e Galileo Emendabile foram sepultados no local.

3 km – Nas proximidades com a Praça da República, a Avenida Ipiranga sede espaço para o comércio informal. Ambulantes circulam por toda área e não é difícil vê-los correndo ao perceberem a presença de qualquer carro policial.

4 km – Na Avenida São João, poucos metros após o “cantado” cruzamento com a Avenida Ipiranga, a presença de africanos desperta a curiosidade sobre o porquê eles escolheram a região e qual a atividade que desempenham no local.

5 km – No início da tarde do sábado, podiam-se ver carros de emissoras de televisão percorrendo o Elevado Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão, para filmar o percurso da corrida desta segunda.

6 km – Nas descida do viaduto, na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, já é possível observar o Memorial da América Latina.

7 km – O Memorial da América Latina foi construído para abrigar eventos culturais e de lazer. O projeto arquitetônico do espaço é do arquiteto Oscar Niemeyer.

8 km – Ao longo da Avenida Norma Gianotti, no início da tarde do sábado era possível ver várias faixas da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informando aos transeuntes sobre a interdição da via para a realização da prova nesta segunda-feira.

9 km – A Avenida Rudge abrigou o Liceu Marechal Deodoro. Nela os corredores enfrentam um curto viaduto que leva em direção ao centro antigo da capital.

10 km – A Avenida Rio Branco já foi centro chique de São Paulo, servido de endereço para vários artistas como a cantora Elis Regina. Hoje, a área no centro perdeu boa parte da importância cultural, sendo usada como caminho ao Vale do Anhangabaú.

11 km – A beleza do Largo do Paissandu, nos últimos anos, passou a ser ofuscada pelos vários moradores de rua que circulam e dormem no local.

12 km – O Viaduto de Chá concentra a maioria dos prédios administrativos da cidade. Região de forte comércio, é nesta região em que prédios como o Theatro Municipal de São Paulo e monumentos, como o em homenagem a Antônio Carlos Gomes, se confundem com a apresentação de artistas de rua e o comércio de camelôs.

13 km – O início da Avenida Brigadeiro Luis Antônio concentra as principais casas de espetáculo da cidade.

14 km – Já próximo ao cruzamento da Avenida Brigadeiro Luis Antônio com a Avenida Paulista, o comércio de cosméticos, vestuários e papelaria é intenso.

15 km (chegada) – No início da tarde do sábado, vários trabalhadores terminavam a montagem da arquibancada . A imagem da fachada da Fundação Cásper Líbero se confundia com as vigas de ferro. Foi o homem que deu origem a fundação,Cásper Líbero, o responsável pela criação da corrida.

Fonte: G1

Nenhum comentário: