Esse juiz, Lucius Antonius Rufus Appius, costumava vender, a quem pagasse mais, as sentenças que expedia. Como ele assinava L. A. R. Appius, logo a forma larapius passou a designar pessoas que agissem de modo desonesto, ladrões e gatunos. O vocábulo já entrou no português com esse sentido.
A procedência desse termo é controvertida, por não haver no idioma outros vestígios dele. Mas, se a versão é mais atraente que o fato, fique-se com ela.
Gravura francesa do século XV retrata parto por cesariana, após a morte da gestante.
(BIBLIOTECA NACIONAL, PARIS - Reprodução)
Outra palavra cuja proveniência oscila entre a fantasia e a realidade é cesariana. Como Júlio César teria nascido de uma operação desse tipo, difundiu-se a idéia de que a denominação decorreu desse fato. Ocorre, porém, que, entre os romanos, só se praticava parto cesariano após a morte da gestante. E a mãe de César viveu muitos anos após o nascimento do filho ilustre.
O mais aceito é que o sobrenome César esteja vinculado a caesus (a caeso matris útero), isto é, cortado por uma incisão, o que resultou no substantivo caesar (tirar da mãe por meio de incisão). De qualquer forma, a palavra entrou no português por intermédio do francês césarienne,derivado de caesares e caesones (de caedere, cortar).
Finalmente, linchamento também está entre as palavras cuja procedência causa divergências ainda hoje. A versão mais corrente é a de que linchar e linchamento provêm do nome de um fazendeiro, William Lynch, da Virgínia, nos Estados Unidos: ele criou em 1776 um tribunal privado que aplicava um tipo de punição sumária – a morte por enforcamento, em geral – aos criminosos, deixando de lado as formalidades legais.
A então chamada lei de Lynch se generalizou e hoje indica a execução, por um grupo de pessoas, de um assassino ou, pior, de um mero suspeito de crime.
Existe, no entanto, quem atribua a origem da palavra ao verbo inglês to lynch (infligir castigo corporal) ou mesmo a outros cidadãos de sobrenome Lynch, que teriam praticado a justiça pelas próprias mãos.
Fonte: História Viva
Por Eduardo Martins - editor de O Estado de S. Paulo e autor do Manual de Redação e Estilo do jornal.
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